Eu, na minha acostumada santa ignorância, pergunto-me se a greve do dia de hoje traz alguma vantagem aos trabalhadores. Na realidade acho que não. No entanto, apesar de trabalhar numa empresa privada, fiz a greve. Estranhamente, acho que se devia, em vez de fazer greves, deixar de consumir bens como a eletricidade. Devemos mostrar que os portugueses precisam de dinheiro para consumir e reavivar a economia.
Na realidade, o país está a atravessar aquela que é talvez a mais exasperante situação económica dos últimos séculos. Durante a década de noventa, Portugal alimentou-se de subsídios europeus para atingir um estilo de vida fútil e superficial, na verdade, podemos agradecer a Cavaco por isso. Agora, bastou um colapso num banco norte-americano para se verificar que países como Portugal não têm condições.
Durante a década de noventa, Portugal fez um exasperante investimento em autoestradas, mas esqueceu-se de investir em meios de produção para se auto sustentar, em vez disso, usou as autoestradas para importar produtos mais depressa.
Agora, constato com felicidade que os portugueses elegeram, para os tirar da crise, o mesmo partido que os lá colocou. É para mim fantástico constatar que os portugueses, com todo o desrespeito que têm pelas ciências humanas, como a História, conseguem não observar os factos como eles são. Durante décadas, a população entregou o poder a políticos corruptos, com o único fim de manter este desenvolvimento de faz de conta da pressuposta e inexistente economia portuguesa.
Confesso que por trabalhar numa grande empresa me assisto no direito de dizer que não é a troika que é má, são os políticos e líderes portugueses que são incompetentes. Se nós queremos austeridade, podemos aplicar a lei do máximo (para quem não sabe, uma lei de Robespierre que reavivou a economia francesa durante a revolução), essa lei, poderia tabelar os salários públicos num máximo de 3500€, por exemplo, e tabelar as reformas com um máximo de 2000€, independentemente daquilo que se descontou, se temos de poupar, então poupemos nos sítios corretos. Também podemos tabelar salários no privado, ordenado mínimo de 1000€ por mês, ordenado máximo de 6000€ por mês, assim, não se pagavam balúrdios e havia uma maior distribuição de riqueza pelos trabalhadores.
Essa maior distribuição de riqueza levaria os portugueses a terem mais dinheiro para gastar, provocando uma imediata reabilitação dos setores do comércio. Se se crissem leis para percentagens de produtos nacionais e do exterior, talvez se reabilitasse assim os outros setores portugueses. Desse modo, estariamos a criar mais emprego e talvez o governo pudesse diminuir o valor pago por cada português nos impostos ao Estado.
É claro que também sou a favor que todas as empresas que negoceiam em Portugal paguem impostos em Portugal, independentemente do local recebedor dos lucros. Também acho que empresas com mais de um milhão de euros de lucros paguem quarenta por cento de impostos ao Estado.
Do mesmo modo, o Estado deve dar vantagens às empresas que exportem, que invistam na investigação no nosso país e que paguem bem a todos os trabalhadores, desde a empregada da limpeza, ao CEO.
Só com aquilo que escrevi anteriormente é que acho que Portugal tem condições para se desenvolver e voltar a ter uma classe média em força, infelismente, duvido que o partido social democrata leve a social democracia tão ao extremo, como fazem os do norte da Europa.