Tendo lido a notícia de hoje de manhã no website do DE, sinto-me bastante constrangido com a falta de visão da CP.
Morando eu num concelho perto de Lisboa e tendo de ir trabalhar para essa cidade quase todos os dias, faço-o de transportes públicos, mais precisamente, por uma empresa privada de transportes que não importa referir, mas que se aproveita de ser a única a operar no concelho para realizar preços de passes mensais de cento e muitos euros.
Dada a falta de compatibilidade dos horários da CP, eu tive de optar por viajar através dessa empresa caríssima, quando a linha do oeste ainda existia e tinha condições para os comboios lá passarem.
Este ano, para cortar nos custos, a ainda empresa pública CP, fechou a circulação de passageiros na linha do oeste porque não era financeiramente rentável para a empresa.
Pergunto-me se não seria economicamente viável para a empresa, em vez de demitir trabalhadores, ou nas palavras dos gestores, fazer rescisões, não seria mais rentável aproveitarem-se da situação e colocarem trabalhadores que já não são necessários noutras linhas a fazer dinheiro para os cofres da empresa naquela linha. Assim, as pessoas teriam uma maior facilidade de movimento de casa para o trabalho na capital e haveria uma maior adaptação dos preços aos interesses dos clientes, uma vez que voltaria a haver concorrência.
Podem-me dizer que não existem infraestruturas na linha do oeste, mas a verdade infeliz é que elas existem e a CP só tem a ganhar se as utilizar.
Eu sei que grande parte dos portugueses culpabiliza os funcionários da empresa por a levarem à falência, mas eu culpabilizo os gestores ainda mais bem pagos do que os maquinistas por não trabalharem para encontrar soluções viáveis para a empresa, e num acesso de burrice, que em Portugal é crónica nos gestores, destróem aquilo que lhes poderia dar dinheiro e não provocava que muitos trabalhadores fossem para o desemprego, não falando de quão mais prático seria para os utilizadores da linha.
Sugiro a todos os portugueses que não critiquem apenas os trabalhadores pelos direitos adquiridos, critiquem também os dirigentes por não quererem rentabilizar uma empresa, para lhes ser mais fácil de posteriormente a privatizarem, levando apenas os interesses da alta finança europeia em conta nas suas políticas.
Como sempre, os políticos favorecem grandes instituições, que depois graças a esse tão bom liberalismo deixam a economia europeia e mundial de rastos com crises como a de 1929 ou até de 2008.