Hoje, depois de assistir às notícias das sete na rádio renascença soube que o estádio da Luz estava cheio de adeptos devido ao jogo da seleção nacional. Como estava num táxi, ia a conversar com o motorista que, nunca deixou escapar uma ocasião para criticar as pessoas. Ele usou a velha máxima "Não há dinheiro, não há dinheiro, mas vai tud'à bola" e, de facto, ele tem razão. Com tão pouco dinheiro, as pessoas conseguem ir assistir aos jogos de futebol.
Na minha opinião, se gostam devem ir. Para explicar isto, pego em algo que o Lobo Antunes diz, as pessoas, na ânsia de escapar à crise e ao mundo real, vão assistir aos jogos de futebol, que lhes dão conforto.
Aquilo que eu questiono verdadeiramente é como é que Portugal consegue manter uma seleção de futebol, com todas as despesas que ela acarreta (jogadores, treinadores, médicos, assistentes, deslocações, infraestruturas, etc) e não é capaz de aumentar o orçamento dos museus de modo a que haja uma maior qualidade da cultura e do conhecimento em Portugal.
Questiono-me sobre este tema, da distribuição dos fundos para a cultura, sempre que vejo os jogos da seleção. Eu, sem poder fazer nada, vejo que enquanto muitos países investem em museus, em escolas, Portugal investe em jogos de futebol. Pergunto-me porquê. Por vezes penso encontrar a resposta. O nosso governo quer manter a população ocupada, sem pensar muito em política, enquanto pode afundar o país à vontade. No fundo, aplica apenas a política salazarista de entreter o povo.
Termino este texto com apenas uma frase. Há países que investem no futuro, há outros que o jogam numa bola.